Os heterônimos, Jana, que monta a Fonte do saber. Comandante e JLB
que discutem os rumos da imprensa de Iguape e os Abreus: Zé Maria e Zequinha
que discutem os rumos da imprensa de Iguape e os Abreus: Zé Maria e Zequinha
Estivemos na manhã ensolarada de domingo, 26, no Recanto dos
Poetas, situado no Parque dos Eucaliptos, em Jacareí, eu e
dois escritores da AJL (Academia Jacarehyense de Letras): José
Luiz Bednarski, o JLB, e Joana Aranha, a Jana Aracnídea (depois da palestra da presidente sobre Fernando Pessoa, na quinta-feira,
23, decidimos, à revelia dos contrários, que todos os acadêmicos teremos
heterônimos cujos revelo ao final desta crônica).
Jana deu-nos uma ideia que pode se tornar
viral, caso vingue, não só pela oportunidade do momento, mas, também pelo fato
de Jana ser bióloga: aproveitar a
estrutura da Seresta Darcy Reis e realizarmos uma seresta pelas ruas da cidade,
“uma seresta itinerante”, arrematou JLB, enquanto tentava pegar uma formiga
atrevida que subia pela sua canela. Pelas ruas da cidade, diga-se, é o nome do
livro do jornalista João Baptista Denis Netto, o Jobanito, cujo centenário de
nascimento comemora-se ano que vem e será o homenageado da seresta itinerante
que se propõe. Jobanito é o patrono da cadeira à qual Jana pertence na AJL.
Falamos também de comentários pela cidade de que o Parque dos
Eucaliptos não tem eucaliptos. Isto provocou um leve calafrio porque há no
parque também um Recanto dos Poetas que não tem poetas, enfeitado por uma fonte
que não tem água. Fizemos um esforço sobre-humano para tentar ver aquela fonte
jorrando uma imaginária água que se recusava jorrar mesmo metaforicamente dado
o tempo em que está seca para não se tornar criadouro de Aedes Aegypti.
Metaforicamente! Essa foi a resposta que veio no momento inspirada
pelo mais jovem do grupo, o JLB, que captou a mensagem vinda do Olimpo: “Que
tal batizarmos essa fonte com o nome de Fonte do Saber?”, propôs. Jana aplaudiu
a ideia e imediatamente ficou batizada a fonte com esse nome, embora a água
para o batismo também se insinuasse imaginária.
Criada a seresta “às antigas”, em homenagem a Jobanito, Jana
sugeriu que as músicas fossem dos compositores José Maria de Abreu e de
Zéquinha de Abreu, para acabar de uma vez com a confusão que o público faz
pensando que um é o outro pois, na verdade, “um é um e outro é outro”, expliquei
com sabedoria.
JLB exibiu um jornal muito bem feito, “Tribuna de Iguape”, cidade
onde JLB residiu por um bom tempo. Aproveitei o sucesso que fiz com a
observação sobre Zé Maria e Zequinha e disse para ambos que Zequinha de Abreu
compôs uma valsa denominada “Saudades de Iguape”, o que provocou sonoros “ohs!”
de ambos. Verdade?!, perguntou JLB. “Sim”, respondi com na maior pose.
Pior, que não era. Fui conferir e vi que “Saudades de Iguape” é de
João Batista do Nascimento. Do Zequinha é "Tardes em Lindoya", que não tem nada a
ver. Assim, foi nosso momento cultural num parque dos eucaliptos sem
eucaliptos, um recanto dos poetas sem poetas, uma fonte batismal sem água, 27
heterônimos reduzidos a dois, uma valsa de Iguape composta por um João Batista que
é o outro, não o Denis Netto. Afinal, era uma linda manhã de domingo em que
tudo se permite. Foi ótimo! isto ninguém o nega.
(Se quiser conhecer a valsa Saudades de Iguape clique https://www.youtube.com/watch?v=C-zzf_8ig-I
)
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