domingo, 26 de junho de 2016

Domingo no Parque dos Eucaliptos, sem eucaliptos

Os heterônimos, Jana, que monta a Fonte do saber. Comandante e JLB
que discutem os rumos da imprensa de Iguape e os Abreus: Zé Maria e Zequinha

   Estivemos na manhã ensolarada de domingo, 26, no Recanto dos Poetas, situado no Parque dos Eucaliptos, em Jacareí, eu e dois escritores da AJL (Academia Jacarehyense de Letras): José Luiz Bednarski, o JLB, e Joana Aranha, a Jana Aracnídea (depois da palestra da presidente sobre Fernando Pessoa, na quinta-feira, 23, decidimos, à revelia dos contrários, que todos os acadêmicos teremos heterônimos cujos revelo ao final desta crônica).
   Jana deu-nos uma ideia que pode se tornar viral, caso vingue, não só pela oportunidade do momento, mas, também pelo fato de Jana ser bióloga: aproveitar a estrutura da Seresta Darcy Reis e realizarmos uma seresta pelas ruas da cidade, “uma seresta itinerante”, arrematou JLB, enquanto tentava pegar uma formiga atrevida que subia pela sua canela. Pelas ruas da cidade, diga-se, é o nome do livro do jornalista João Baptista Denis Netto, o Jobanito, cujo centenário de nascimento comemora-se ano que vem e será o homenageado da seresta itinerante que se propõe. Jobanito é o patrono da cadeira à qual Jana pertence na AJL.
   Falamos também de comentários pela cidade de que o Parque dos Eucaliptos não tem eucaliptos. Isto provocou um leve calafrio porque há no parque também um Recanto dos Poetas que não tem poetas, enfeitado por uma fonte que não tem água. Fizemos um esforço sobre-humano para tentar ver aquela fonte jorrando uma imaginária água que se recusava jorrar mesmo metaforicamente dado o tempo em que está seca para não se tornar criadouro de Aedes Aegypti.
  Metaforicamente! Essa foi a resposta que veio no momento inspirada pelo mais jovem do grupo, o JLB, que captou a mensagem vinda do Olimpo: “Que tal batizarmos essa fonte com o nome de Fonte do Saber?”, propôs. Jana aplaudiu a ideia e imediatamente ficou batizada a fonte com esse nome, embora a água para o batismo também se insinuasse imaginária.
   Criada a seresta “às antigas”, em homenagem a Jobanito, Jana sugeriu que as músicas fossem dos compositores José Maria de Abreu e de Zéquinha de Abreu, para acabar de uma vez com a confusão que o público faz pensando que um é o outro pois, na verdade, “um é um e outro é outro”, expliquei com sabedoria.
   JLB exibiu um jornal muito bem feito, “Tribuna de Iguape”, cidade onde JLB residiu por um bom tempo. Aproveitei o sucesso que fiz com a observação sobre Zé Maria e Zequinha e disse para ambos que Zequinha de Abreu compôs uma valsa denominada “Saudades de Iguape”, o que provocou sonoros “ohs!” de ambos. Verdade?!, perguntou JLB. “Sim”, respondi com na maior pose.
   Pior, que não era. Fui conferir e vi que “Saudades de Iguape” é de João Batista do Nascimento. Do Zequinha é "Tardes em Lindoya", que não tem nada a ver. Assim, foi nosso momento cultural num parque dos eucaliptos sem eucaliptos, um recanto dos poetas sem poetas, uma fonte batismal sem água, 27 heterônimos reduzidos a dois, uma valsa de Iguape composta por um João Batista que é o outro, não o Denis Netto. Afinal, era uma linda manhã de domingo em que tudo se permite. Foi ótimo! isto ninguém o nega.


(Se quiser conhecer a valsa Saudades de Iguape clique https://www.youtube.com/watch?v=C-zzf_8ig-I )

segunda-feira, 20 de junho de 2016

D e s a f i o




Helenita Scherma

A noite cai pesada,
Empurrando o Sol para  baixo 
Nem mesmo as estrelas
Ousaram aparecer.

Timidamente, a Lua
Abre espaço entre as núvens
Tentando  amenizar
O negro das colinas.

Sob esse teto frio e duro
Os seres se encolhem,
Pelo medo atávico do escuro.

Mas a coruja bate as asas,
Corajosamente,
E emite o pio agudo do desafio.

Só ela mantém a vigília
Neste cenário atro e mudo.
Não se intimida,
Nem se recolhe, Não se omite.

Sem susto,
está ali. Atenta!
- Como a consciência  
Do justo.


Helenita Scherma é poeta e membro da Academia Jacarehyense de Letras.




sábado, 11 de junho de 2016

Em homenagem a Maurício de Souza

“Eu esclevo estas maltlaçadas linhas pala dizel que molo de amoles pol você”, diria Cebolinha em carta a Mônica no Dia dos Namorados, se já não o dissera alguma vez para aquele coraçãozinho de pedra. Como o Maurício de Souza já publica a turma na fase Teen, posso imaginar um soneto em versos dodecassílabos (de doze sílabas) que o adolescente Cebola mandaria para a jovem amada:

Cholamingo do namolado não colespondido

Lá na escola até deixei de jogá bola.
Eu já nem blinco e até estudo com afinco.
Se levo blonca toda vez que faço cola,
É que eu fico no WatsApp até as cinco.

Falo co’a tulma no WatsApp pla não lê
Quando me canso de estudá o poltuguês.
Se vou dolmi sonho dileto com você
Que se negou a me beijá mais uma vez.

Me tilam salo a Magali e o Cascão
Polque soubelam que levei uma “coelhada”
Quando eu quis só segulá na sua mão

O chico Bento até me chama de “azalado”
E o Anjinho, esse então, ajuda em nada!
Diz que é anjo, mas cupido não é não!


Ofereço esta brincadeira literária a minha colega de academia Esther Rosado porque tenho certeza de que depois de ler essas “maltlaçadas linhas” ela dirá: “Que gracinha!”

quinta-feira, 9 de junho de 2016

A leitura da moça

José Luiz Bednarski
Na postagem de 31 de maio, lancei um desafio aos colegas de academia para que fizessem uma análise “sherlockiana” do quadro “Moça com livro” do pintor Almeida Júnior reproduzido abaixo. O acadêmico José Luiz Bednarski respondeu com o texto abaixo intitulado “A leitura da moça”. Vamos aguardar um pouco a ver se chegam outras colaborações. Enquanto isso, você pode também enviar uma colaboração que vai dar um prêmio simbólico e um certificado de participação ao texto mais interessante. Leia instruções na postagem do dia 31.

 ^^^^ Ilustração proposta para análise
         
Eulália, enfim, encontrou um lugar tranquilo. A vista da cobertura é aprazível. De um lado do edifício Mansão do Vale, lobrigou o novo reservatório do SAAE, que armazena água pura e cristalina. Doutra banda, a paisagem era o improvável esqueleto da ampliação do Fórum, cujos rumores dão pela falta de gimbo.
          Pela primeira vez no ano, ali no topo do prédio onde morava, a jovem sentia-se livre. Seu perseguidor não poderia alcançá-la. Poderia ler em paz a nova coletânea de textos da Academia Jacarehyense de Letras e vagar pela imaginação de sacis, cordéis, coelhos azuis e o entrelaçar das almas na sublime canção do sonho acabado.
          O assédio começara no dia de sauna mista do Trianon. O olhar ominoso do homem coleava pelas estonteantes curvas ebúrneas de Eulália. Foi paixão imediata. O cinquentão passou a segui-la como uma sombra. Chamava a ruiva de Rapunzel e tentava tocar as longas melenas da moça assustada.
Inspirado pela Cantata de Natal, da janela do Museu, no Dia dos Namorados, declamou poemas arrebatadores de amor para a pretendida, que morava no segundo andar. A poesia era de Mário Werneck, mas o javardo disse que era dele próprio, tentando impressionar a presa encabulada, que fechou a janela.
Ela frequentava a Noite de Seresta Darcy Reis. Deixou de ir por causa do destabocado que convenceu Dona Telê a deixá-lo cantar Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda, de Lamartine Babo. Durante a apresentação, ele fixou o olhar na amada, que saiu à francesa.
Ela gostava de ler e pegava livros emprestados na biblioteca circulante Macedo Soares. Ele ficou sabendo e descolou um cargo comissionado na repartição, só para dar cargas e baixas com desvelo nas obras escolhidas. Acabou que Eulália nunca mais voltou e ele passou o período de propaganda eleitoral chacoalhando bandeira para o patrão, debaixo de tempestades e sol inclemente.

Ele era insistente, não se cansava e isso irritava a moça. Felizmente, depois de tanto tempo, a rapariga conseguia driblar o pretendente e afinal encontrou a paz de sua ausência. Mas a solidão inquietou: "Onde estará ele? Pensa em mim?".

terça-feira, 7 de junho de 2016

Um aperto no Tribunal do Juri

José Luiz Bednarski (*)


         O cotidiano do promotor substituto é não conviver com a rotina. A cada mês, ele é designado para uma comarca diferente, onde houver cargo vago. Cada local tem sua peculiaridade, até mesmo os processos judiciais são diferentes e as discrepâncias aumentam à medida que a cidade é mais afastada da Capital.

          Em Itapeva, São Paulo quase divisa com o Paraná, juízes e promotores almoçavam no fórum mesmo, cotizando-se para comprar os ingredientes e pagar uma excelente cozinheira. À noite, era mais difícil - só havia um lugar bom para jantar fora e a alternativa era encomendar pizza para entrega no hotel.
          O local era tão frio no inverno, que de manhã era preciso cutucar a crosta de gelo para conseguir abrir a janela do quarto. A comarca era muito grande, a maior do Estado de São Paulo, englobando cinco municípios. Não havia nenhuma cidade grande nos próximos cem quilômetros e a paisagem rural era basicamente constituída de extração de madeira, formando pilhas com quilômetros de extensão, uma visão bonita de tão diferente.
          A academia de ginástica também não tinha concorrência. Era sozinha no ramo e também a única da cidade com revistas de nudez masculina disponíveis para quem estivesse nas bicicletas ergométricas, a demonstrar sua natural propensão a atender melhor as atletas do sexo frágil e homossexuais, uma modernidade inimaginável para uma cidade de interior, há quase duas décadas.
Nos momentos de distância da família e excesso de serviço, o consolo do promotor substituto é pensar que nunca conheceria paragens tão pitorescas em outras ocasiões, pois o turismo é muito mais voltado para roteiros consagrados, como Balneário Camboriú e Paris.
Se Itapeva era um lugar, digamos, diferente, o que dizer de Iguape, simpática cidadezinha histórica esquecida no meio da selva tropical? Lá quase não passa carro, a bicicleta é o veículo de transporte utilizado pela maioria da população, pelas ruas sem sentido obrigatório de direção.
O juiz vivia há anos por ali e dizia que o paulistano vira caipira de vez quando começa a andar pelo meio da rua, em vez de ir pela calçada. Era o caso dele, em seu terno marrom fora de moda (bigodinho também) e com guarda-chuva e Bíblia à mão.
          O maior problema para o substituto é chegar despreparado às vésperas de sessão do tribunal do júri. O negócio é correr atrás das cópias e estudar no hotel todas as noites antes de dormir, para compensar o tempo perdido em relação ao advogado de defesa.
          O júri é ainda mais complicado quando é estreia para promotor tímido. E pode virar um pesadelo quando o juiz vai ao gabinete do ministério público no fim do primeiro dia e avisa que lá a sessão é transmitida ao vivo pelo rádio, coisas que só acontecem em Iguape. Enquanto os debates seguem acalorados, nos botecos esquentam as bolsas de aposta, pois tem hora que só apostar em número enjoa.
          O promotor nem se levantou para fazer a sustentação, com vergonha do plenário lotado. Para entrar ou sair, só com senha e aguardando fila. A sorte dele é que o réu já estava condenado por antecipação, já que o caso era muito rumoroso e causou revolta na pacata cidade, à época do crime. Era só falar bom dia e os jurados já teriam condenado o criminoso. Por via das dúvidas, só pra garantir, o juiz deixou de lado a imparcialidade - interrogou o réu de costas para o advogado. Cada vez que o suspeito entrava em contradição, o magistrado levantava as sobrancelhas para os sete jurados terem certeza de que o assassino estava mentindo. Juntando a isso a inépcia do advogado de defesa, escolhido a dedo pelo juiz zeloso quanto à segurança pública da urbe, não deu outra – a condenação saiu por unanimidade.
          No entanto, o promotor substituto não tinha onde, companhia e nem tempo para comemorar. Na semana seguinte, outro júri estava marcado e daquela vez seria mais difícil, pelas circunstâncias. Pelo menos, já haviam passado o nervosismo e a expectativa da estreia. Debates realizados e findos os trabalhos em plenário, o juiz se recolheu ao seu gabinete para bater os quesitos à máquina (ele era definitivamente das antigas). Enquanto isso, o público se dispersou para tomar água e esticar as pernas. Nesse ínterim, a rádio passava os comerciais mais caros da semana (dado o ibope que batia recordes a cada julgamento) e os jurados foram recolhidos incomunicáveis à sala secreta. Demonstrando patente profissionalismo, defensor e promotor conheciam-se melhor e conversavam amenidades no corredor, aguardando a hora da votação. Nisso chega um senhor baixinho, que pede licença para cumprimentar os tribunos e faz um relato desconcertante:
          Os senhores me desculpem a simplicidade. Sou um homem humilde, crescido no sertão de Alagoas. Gosto de júri desde criança. Cada palavra linda. Nem todas compreendo. Mas é tão bonito ver o ritual do julgamento, as roupas pretas, a formalidade do juiz. E é cada discurso supimpa do promotor e do advogado. A gente aprende muito. Eu tinha seis anos e o júri ia de cidade em cidade lá onde eu morava. Eu montava no jumento e ia atrás do júri. Chegava em casa e apanhava de mamãe, que me mandava trabalhar. Sou açougueiro, só que nunca perdi um julgamento. Fecho o açougue mais cedo quando tem sessão e vou. Aliás, parabéns ao doutor promotor no júri passado, foi muito bem. Foi tão emocionante, que a vontade de urinar apertava, mas eu não queria perder um lance. Cheguei cedo para pegar lugar na primeira fila. Sabia que seu eu saísse perdia o assento e daí só pelo rádio, que não tem a mesma graça. Então, não tive dúvida. Fiz xixi na calça mesmo, Deus me perdoe!

(*) José Luiz Bednarski é promotor de Justiça e da Cidadania em Jacareí (SP) e membro da Academia  Jacarehyense de Letras

sábado, 4 de junho de 2016

Há uma tocha no fim do Turi

Taubaté, pintada por Debret

Em artigo brilhante publicado na coluna semanal “O quinto poder”, no Diário de Jacareí, o escritor José Luiz Bednarski, da Academia Jacarehyense de Letras, destaca a contribuição da terra que já foi do biscouto, de Antônio Afonso e das montanhas azuis (segundo pintura do neoclássico Jean-Baptiste Debret) no destino da nação brasileira. Graças a um esforço hoje mais consciente da população culta, o trecho paulista atualmente denominado RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) está sendo revisto em sua justa dimensão pelos historiadores amantes da verdade.

Como já citou Bednarski, também foi de Jacareí que saiu o personagem, cognominado “Nelson” (por questões de segurança), mencionado por ele na coluna, de 28 de maio, especialmente para descobrir e denunciar que Bangcoc, na Tailândia era o esconderijo do malfadado ex-“ordenança” de Fernando Collor de Mello, Paulo César Farias, homem mais procurado pela justiça brasileira da época.  Sim, digo “especialmente” não que tenha sido por vontade dele ou da empresa em que trabalhava e o mandou para aquele país, como relata a história oficial. Mas, por determinação do destino que sempre floreia os fatos antes de pregar-nos peças. Ou você acha que alguém, justamente um jacareiense, iria a serviço de quem quer que fosse para a Tailândia para, num momento de folga, assistir a um show de danças folclóricas à toa? O destino imita a literatura! Tanto que PC Faria, aparentemente do nada, decidiu expor-se publicamente e ir ao folguedo. Caiu na armadilha da sorte. Curioso que ele andava sempre acompanhado da esposa e de uma vidente (!), como relata Bednarski na crônica. Ou a vidente era uma farsante ou estava a serviço de um destino irônico. Faça você também literatura e escolha uma das hipóteses.


Mas, falávamos de momentos importantes em que a cidade, segundo o escritor, “move a roda verde-amarela da história”. Se Jacareí teve participação ocasional no episódio em que o lendário deputado Tenório Cavalcanti, o homem da capa preta, envolveu-se no assassinato de um policial rodoviário na Rodovia Presidente Dutra, também o teve na independência do Brasil com a passagem de Dom Pedro I pela cidade antes de dar o grito histórico. De arremate, Bednarski fala da tocha olímpica, símbolo das Olimpíadas, – que beira a tornar-se “pecha olímpica” a depender da situação pela qual o país estará passando em julho deste ano quando sediar o evento (que Zeus a proteja).

Porém, o literato destino, ao qual nos referimos neste texto, envia-nos novos sinais de que continua prestigiando a terra afonsina: coloca em sintonia Bednarski e a psicanalista e professora e  Esther Rosado, duas magnas expressões literárias de Jacareí. Coincidentemente nesta mesma semana esses dois articulistas que não se veem há um bom tempo escreveram em dois jornais diferentes da cidade e evocaram no mesmo dia, nas respectivas colunas semanais, a memória de dois grandes pintores nascidos em Paris e que também visitaram Jacareí: o neoclássico Jean-Baptiste Debret (1768-1848) e o impressionista Claude Monet (1840-1926).

Debret viera a convite de Dom João VI para fundar no Brasil a Academia Imperial de Belas Artes, hoje Escola de Belas Artes, incorporada à UFERJ-(Universidade Federal do Rio de Janeiro). O pintor, em certa época do período de 15 anos que viveu no Brasil (1816 a 1831), retratou várias cidades do Vale do Paraíba inclusive Jacareí, conforme conta-nos Bednarski na coluna.

Monet, por sua vez, esteve em Jacareí esta semana por inspiração de Esther Rosado e cumplicidade do marido. Enquanto Nelson fingia fotografar um ipê cor de rosa certa manhã de suave sol outonal, próximo ao ribeirão do Turi, Monet de cima da mesma árvore enviava para a escritora pétalas de flor de ipê que pareciam (para quem as visse) desprender sozinhas da árvore e cair no local em que ela, Esther, no carro, esperava pelo marido. A escritora conta que brincava de “tornar-se absolutamente feliz” se uma caísse em suas mãos. “Na ficção podemos tudo”, justificou. Ela deixou para contar ao Nelson sobre a brincadeira da sorte somente por intermédio da citada crônica do jornal quando chegasse às mãos dele, mas Nelson já sabia de tudo antes de ler a crônica: havia sido ele quem combinou a brincadeira com Monet para surpreender a mulher. Pois é, Esther, o destino é ficcionista.