sábado, 16 de setembro de 2017

Não será por falta de avisos..

Se esta fosse uma página de jornal ligado à religião caberiam aqui citações bíblicas para comentar o momento brasileiro: “Antes da ruína vem o orgulho e antes da queda, a presunção (Provérbios 16,18)”. Outra, seria: “tudo o que está escondido tornar-se-á manifesto. E tudo o que está em segredo deverá ser descoberto (Marcos 4,22)”. Mas, como somos um jornal leigo, vamos entender o Brasil que vivenciamos de maneira laica.

As coisas poderiam estar a passos comportados se o empresário Joesley Batista, não tivesse cometido atos de orgulho e presunção ao cantar de galo, como se viu naquele célebre telefonema com Ricardo Said, executivo do seu grupo empresarial: “Nóis não vai preso” gabou-se ele em certo trecho da conversa grampeada que o Brasil inteiro fartou-se de ouvir. “Na escola que você estuda eu já sou diplomado”, jactou-se Joesley em outro trecho do telefonema, referindo-se ao que diria ao então procurador geral da república, Rodrigo Janot, se conseguisse conversar com ele como disse que pretendia.

Interessante é que a Bíblia além de prever fatos deixa margem para a tradução brasileira passar recados com bom humor como, no caso da citação acima, encaixar muito bem o uso da mesóclise (tornar-se-á), muito oportuna em se tratando de comentar as denúncias contra o presidente “mesocleiro” Michel Temer, que a usa sempre.

Da Praça dos Três Poderes em Brasília à Praça dos Três Poderes de Jacareí, simultaneamente as advertências celestes se fizeram sentir nestes tempos. Por aqui, com a CPI da Pro Lar, que ouviu novamente duas testemunhas-chaves para fechar o inquérito do primeiro tropeço criminalizado neste século na administração municipal. De novo, todas as flechas do bambuzal dirigiram-se, como prevíramos, ao diretor administrativo Christian Antunes (matéria nesta edição).

Nem mesmo faltou o simbolismo embutido no ato denunciado: suposta limpeza de áreas da Fundação Pró Lar que não foram limpas. Espera-se que a similaridade com textos proverbiais continue nos julgamentos e tanto por aqui como em Brasília cumpra-se o ensinamento de que “há um profeta nos lábios do bom juiz e sua boca não erra na sentença”. Mas, como foi dito no início, esta não é uma página de jornal ligada à religião – na verdade, nem os textos bíblicos  o são.


É a nossa opinião.

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