“Dábru, dábru,
dábru”
“Agora
você pode ouvir a Rádio Única em qualquer parte do ‘praneta’. Basta acessar ‘dábru, dábru, dábru’.radiounicafm.com.br...”
Assim repete, a cada duas músicas tocadas em certo horário,
o locutor da mais nova rádio da Região Metropolitana do Vale do Paraíba,
conforme você pode conferir na gravação reproduzida nesta matéria. Quando
ouvi essa emissora pela primeira vez, fiquei chocado num primeiro instante
pelo descuido com o idioma, depois me dei conta de que o mundo mudou, deve ser
assim mesmo, sei lá; cada um tem seu estilo. Recordo-me dos cuidados que a gente mantinha antigamente quando ia
“falar no rádio”, coisa que hoje, salvo algumas emissoras mais sérias, não se
leva mais em conta.
Pevinha, Donizete, JLB, Luiz, Moacir e Luís
Por coincidência, no sábado seguinte, 9,
resolvi fazer uma visita à Rádio Mensagem – antiga Rádio Clube Jacareí,
emissora que no século passado foi a mais importante da cidade. Por ela
passaram Darcy Reis, Loureiro Júnior, Ângelo Ananias, Benedicto Sérgio Lencioni,
Roberto Barbosa, Chagas e Silva (pai e filho), enfim um elenco de primeira
grandeza que deixou saudade. O acadêmico de letras e amigo José Luiz Bednarski, o JLB, participa
quase sempre do semanal “Panorama Esportivo”, um descontraído programa que dá
sentido às sufocantes manhãs de sábado em Jacareí.
Fui rever a turma e matar saudade.
Estava lá o pessoal que há anos toca a programação, Ana Lúcia, Vanessa,
Donizete Eugênio, Moacir Salles, Pevinha, Luís de Oliveira, e Robinho na mesa de
som. Até o Sílvio de Castro que entrou na rádio garotão solteiro e agora é
avô, marcava presença. Foi uma agradável volta ao passado.
JLB participa na maioria dos sábados
Perguntei ao Donizete Eugênio quando a
emissora passaria a FM, já que é obrigatório, mas ele disse que não há
previsão. Precisa mudar tudo, e a rádio mantém padrão profissional alto e receita apertada.
Mas, assistindo ali ao desempenho dos participantes do programa vi que podem demorar quanto quiserem porque seus ouvintes são fieis. A certa altura tocou o
telefone. Era um ouvinte que liga frequentemente desde o século passado. Naquele
dia, participava do sorteio de uma pizza. Pizza do Xico, que anuncia sabe-se lá
desde que dia da década de 1980.
No sentido horário: Pevinha, Moacir, Luís Oliveira e Luiz Silveira
Terminado o programa saímos todos juntos, eu e
JLB seguimos por outro lado. Comentamos sobre a participação dele no programa e ele confessou ser um apaixonado pelo
rádio. “Mas, pelo rádio que conversa com o ouvinte”, disse. Explicou que o
segredo do sucesso ou não desse meio de comunicação está no fato de você não ver quem fala do outro lado e, com isso, cria a imagem dessas pessoas, locutores e participantes, no seu padrão. “Quando uma coisa é criada à sua maneira, você gosta mais”, explicou
JLB. É como um romance escrito em livro em que os personagens são do autor, mas o tipo, o jeito de ser de cada um é seu.
No sentido horário: Luiz de Oliveira, Luís Silveira, Paulinho e Donizete Eugênio
A
explicação me satisfez. Concordo que motoristas pelas estradas, vigias de empresas, pessoas
em trânsito até mesmo de ônibus, e o público em geral gostam de ouvir alguém do rádio “conversando”, informando sobre a estrada, sobre o tempo. E quem está na cidade, em
casa, andando pela rua com um celular que sintoniza rádio tem a mesma
satisfação. Ouvi-los é como participar.
Robson conhece a maioria dos ouvintes que ligam, pela voz
As emissoras de FM são mais "engessadas", dentro de padrões musicais quase sempre comprometidos com gravadoras e, salvo as evangélicas, são raras as que mantêm um bate papo de interesse geral.
Se bem que atualmente há gosto pra tudo. Como vimos, qualquer um pode ouvir rádio em qualquer parte do "praneta". Basta acessar “dabru, dabru, dabru”, botar o endereço da rádio no site e mandar ver, ou melhor, mandar ouvir!
Clique aqui e ouça o áudio sobre a fala que gerou essa crônica
Nenhum comentário:
Postar um comentário