Estive domingo, 24, em São Paulo e descobri junto a amigos um modismo interessante: deixar o celular “dar ideias” de textos pra você. A novidade pode não ser boa para escritores mais tradicionalistas. Tenho certeza, porém, que é uma boa notícia para os – digamos – quase folgados. Você já deve ter visto alguém fazer isso por brincadeira, ou seja, alguém que vai aceitando sequencialmente todos os palpites que o teclado inteligente do telefone celular dá quando você digita uma letra de um texto de mensagem. É por aí.
Claro, ainda é necessária a participação humana para fazer a
pontuação correta e dar sentido ao texto criado, mas, o
que se busca não é o aparelho escrever por você. O bom, para nós que
produzimos textos é que as sugestões apresentadas formem uma sequência interessante e aproveitável. E formam. São palpites certos, você pode fazer um teste. Cabe-nos modificar as frases aleatórias que surgem, se forem aproveitáveis, ou
recusá-las.
Veja, a seguir, uma sequência que obtive do aparelho partindo da palavra “eu”
(óbvio que a opção da primeira palavra é nossa) e depois continuei só com a
opção do centro das três sugestões mostradas pelo celular (em alguns teclados, como o do meu telefone, essa opção aparece em azul):
Eu estou com um amigo meu
que tem que ser um pouco mais de um amigo meu. O que é o que eu não sei se é
tão bom quanto o senhor.
Dessa sequência, que se formou aleatoriamente, repito, ajeitei o texto para as frases reproduzidas abaixo e
que podem servir para diálogo de um conto, resposta de uma carta ou trecho de
um romance. Inclusive, pode até fornecer o tema geral do texto:
Quando eu estou com um
amigo meu, ele tem que ser um pouco mais que um amigo. O que eu não sei é se ele
será tão bom quanto o senhor.
Dependendo de seu estado de espírito no momento, pode sair até
uma estrofe:
Quando estou com um
amigo meu,
tem de ser um pouco
mais que amigo.
O que eu não sei, com
certeza, lhe digo,
é que ele seja o
quanto espero eu.
E por aí vai. São infinitas as possibilidades e outro tanto as
decorrências.
Vou gerar outro exemplo, este mais amplo que o primeiro para mostrar um recurso maior. Escolhi a palavra "amiga". A diferença agora é que passei a selecionar qualquer uma das três palavras sugeridas pelo teclado, não apenas a do meio.
O telefone "escreveu":
Vou gerar outro exemplo, este mais amplo que o primeiro para mostrar um recurso maior. Escolhi a palavra "amiga". A diferença agora é que passei a selecionar qualquer uma das três palavras sugeridas pelo teclado, não apenas a do meio.
O telefone "escreveu":
Amiga minha conta no
Twitter que eu não vou mais de dois anos que não tem como objetivo facilitar a
vida.
Acertado o texto por mim, deu o seguinte resultado:
Amiga minha conta no
Twitter que eu não vou levar mais de dois anos para ter como objetivo apenas facilitar
a vida diária.
Como funciona – Como
você já deve ter visto, os aplicativos de teclado, embutidos nos celulares (para digitar no WatsApp, por exemplo), possuem um
mecanismo que sugere três palavras tão logo você digita uma letra. No exemplo
mais simples dos dois que mostrei acima, escolhi para formar a sequência só as palavras do
meio das três sugestões (veja foto ao lado).
Tão logo a sugestão é aceita, o mecanismo muda para
outras três. Você simplesmente vai
escolhendo a palavra do meio, uma após outra, até quando achar que uma frase deu sentido. Você verá que nesse momento da frase formada é preciso
mexer numa ou em outra palavra para se chegar a um sentido correto. Então, é só fazer as
correções e as pontuações que achar
melhor.
No caso mais complexo, no segundo exemplo, escolhi aceitar
qualquer uma das três sugestões que apareceram. Geralmente sai um texto mais
consistente. Experiente. Se para você não servir para nada, verá que é divertido pelo menos.
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