terça-feira, 25 de outubro de 2016

Artwork eletrônica de equipe, quem tem medo?



Faz algum tempo quero escrever sobre arte eletrônica de equipe, “artwork”, ou seja lá que nome possa explicar melhor essa coisa maravilhosa que permite a produção de um quadro como se fosse pintura ou desenho, em qualquer tamanho, com alguns um cliques no computador. Vamos tomar, por exemplo, esta foto da escritora Joana Aranha:






E agora, veja
a seguir como ficou
depois de um
tratamento
no computador:




Pode-se dizer,
semelhante a um desenho a guache
com finalização
em pincel fino, ou aquarela com
finalização a pena com tinta nanquim.
Tempo total de produção:
não mais de 15 minutos.



Veja estas outras artes, a partir da foto de um ipê, cuja produção levou mais ou menos 45 minutos somando-se tempo de fotografar a árvore em uma praça de Jacareí com os da preparação e cliques finais, em dois estilos diferentes:
  
    

Com uma foto de alta definição, como as originais das que serviram de exemplo, pode se conseguir um quadro de até 1 metro por 1 metro sem perder qualidade (a última foto é do mesmo local tirada em outra data em ângulo um pouco diferente, mas poderia ser a anterior).

Claro que as produções destas e de outras artes não concedem mérito a mim nem a ninguém como se as produzíssemos em quadro a pincel e tinta, mas a emoção estética de produzi-las existe, embora seja de outro tipo: sermos partícipes de um grupo de centenas de profissionais (talvez milhares) que se dedicaram e dedicam à criação de programas eletrônicos que chegaram a esse potencial. E mais: permite que um número maior de pessoas sinta o mesmo prazer em produzir uma arte, seja de que tema for.

Minha participação nos exemplos acima, foi tirar ou escolher uma foto, dar-lhe mais qualidade por meio do corte adequado em um trabalho de preparação que requer habilidade específica. Isso buscou provocar efeitos que eu desejo sejam exclusivos para chegar a um resultado final agradável.  Sinto-me (e todos que tentarem a técnica vão sentir o mesmo) membro usuário do citado grupo que desenvolveu o programa, e com poderes (agora apenas eu) para dizer quando está bom ou quando não está, quando está pronto ou quando ainda não. Esta prerrogativa é só de quem produz, ou seja, de quem vai dar otoque artístico ao trabalho.

Não é correto julgar uma obra assim com os mesmos critérios de quem examina um quadro clássico, nem esperar do mesmo um resultado como se fosse uma arte em pincel e tinta. Trata-se aqui de outra coisa. Outra linguagem. A pintura tradicional segue o seu caminho. Apenas, insisto, estamos diante de uma arte nova, contemporânea, revolucionária; por isto ela incomoda.

Quem gosta de pesquisar o assunto deve lembrar-se que no início também rejeitaram a arte neoclássica, a impressionista, a expressionista, a art noveau, a moderna, o cubismo e tantas quantas contemporâneas surgiram e continuam. O mesmo fenômeno de rejeição inicial já aconteceu com a fotografia, o cinema e tantos outros experimentos. O novo sempre incomoda. Mas não cabe grandes preocupações. O público, a clientela, é que vai dar a palavra final. Se gostar, fica; caso contrário passa.