Conheci uma jovem semana
passada no Jacareí Shopping, sábado, 19, para ser mais exato, por quem me
apaixonei. Saudável, leal, determinada e bonita. Ingênua, no sentido de que ainda
não se deixou contaminar pela falsidade do mundo, mas a persegue com o risco da
própria vida. Falo dela publicamente, quebrando minhas regras de discrição,
como mínimo tributo à admiração que ela me causou à primeira vista. Chama-se Juddy.
Ju, já me permito chamá-la
assim, pois, para mim, tornou-se “a cara!”
Como ninguém é perfeita, Ju é
policial. Combate a corrupção, a falta de caráter, as injustiças, as traições e
o mal do cotidiano em todos os seus papéis. Tem personalidade forte e não
desiste de seus objetivos. Sua dedicação à causa humana vai além de suas
obrigações, para falar a linguagem comum “vai além daquilo que lhe pagam para
fazer”.
Ela representa, sem bandeira
e sem chiliques, a causa básica feminina ainda longe de ser atendida. Tem
sensibilidade à flor da pele e – o mais importante – passa a todos, de pronto,
a beleza de seu caráter.
Como você já percebeu, ela é
a personagem principal do filme Zootopia, em cartaz no Cinemark do Jacareí Shopping.
A equipe Disney chegou ao topo em qualidade das produções. Tecnologia
incrível (recomendo assisti-lo em 3D na sessão das 20h) e uma sutileza em
trabalhar o enredo daquelas de fazer-nos suspirar de admiração. Riqueza de
detalhes mínimos como, para citar apenas um, o telefone celular da Ju tem como
símbolo, ao invés da maçã mordida como os da Apple, tem uma cenoura mordida.
Como este tem dezenas de outros enfeites que chegam a fazer do cenário um filme
à parte.
A história é toda metáfora.
De tal modo, que crianças assistem e gostam pelo encantamento que lhes causam as
imagens de bichos, adultos em geral admiram os efeitos impressionantemente perfeitos
da tecnologia e adultos especiais apreciam tudo isso mais os simbolismos dessa
fábula eletrônica que além do tratamento discriminatório à mulher, mostra a falsa
harmonia social vivida pelos “bichos” humanos. Harmonia esta que precisa ser mantida
a poder de polícia para que os viventes não voltem a se devorar uns aos outros
conforme têm vontade.
A equipe Disney movimenta
tudo isso e muito mais com a experiência quase centenária que começou com o
rato humanizado Mickey, em 1920, e chega à apoteose com os humanos-ratos do
século 21. Não todos, claro, como não eram todos ratos humanizados na era
Mickey. Existem, tanto no filme quanto por aqui, outros bichos de boa índole
como o preguiça Flash e mais alguns. E também os que nos sensibilizam e nos
apaixonam como a coelha Ju. Concordo que as orelhas dela são um tanto
compridas, mas, o amor é cego. Ou minha cegueira é questão de idade?! Melhor
deixar as metáforas para os gêniais da Disney.